quarta-feira, 30 de setembro de 2015

SOU UM LIVRO...

Sou um livro de aventuras sem fim.
Sou um livro com capa e contracapa desenhadas ao pormenor. As minhas folhas são finas e macias como a pele de um recém-nascido. A minha lombada tem letras douradas, da mesma cor do ouro dos antigos piratas. Dentro de mim, encontrarás histórias mais emocionantes do que Os Lusíadas e mais extensas do que a Bíblia. Tenho histórias de amor, terror e horror, ciladas e muitos assuntos interessantes para espreitares.
As pessoas que me leem nunca mais são as mesmas! Ganham outro gosto pela vida, veem as coisas de uma maneira diferente.
O meu título é O livro sem nome.

Luís, 8ºA

domingo, 27 de setembro de 2015

CONCURSO "DÁ VOZ À LETRA"

A Fundação Calouste Gulbenkian, a Porto Editora e a Câmara Municipal do Porto estão à procura do melhor leitor ou leitora em voz alta.
Através do concurso Dá Voz à Letra, os estudantes da Área Metropolitana do Porto, entre os 13 e os 17 anos, vão poder enviar um video de uma leitura em voz alta de um texto, à escolha, com a duração máxima de 3 minutos, e ganhar uma viagem a Londres para duas pessoas, entre outros prémios. O vídeo deverá ser enviado entre 28 de setembro e 30 de outubro de 2015.
Ver mais info aqui.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

SE EU FOSSE UM LIVRO, SERIA...

Se eu fosse um livro, seria um romance, uma estória linda de amor passada durante a primavera, ao som das andorinhas, com as cores das mais exóticas flores. Contaria aos meus leitores uma estória complexa de um amor platónico, com um grande enredo, mas com um final feliz, e eles acabariam tão apaixonados como as duas personagens principais. Os meus leitores passar-me-iam de geração em geração para que eu não entrasse no esquecimento. E, de noite, depois de adormecerem, sonhariam que vivem no meu romance. Ao acordar, aperceber-se-iam que tudo não passara de um sonho e, com pena, contentar-se-iam em guardar-me não numa prateleira com pó mas nos seus corações.
Renata Silva, 9ºA

Se eu fosse um livro, seria um romance. Teria uma capa chamativa e qualquer pessoa pegaria em mim para ver o meu conteúdo, para saber se era do seu agrado.
Estaria numa biblioteca, numa prateleira onde me sentiria especial. Numa prateleira onde os outros livros, comparados comigo, seriam monótonos e sem graça, seriam livros com conteúdo muito “cliché” que faziam o leitor prever o final da estória. Eu não! Eu teria uma estória tão imprevisível que as pessoas guardariam na memória para todo o sempre. E, no final, o leitor choraria de tão emocionante que ele seria.
Se eu fosse um livro, seria um livro de topo, nunca sairia do lugar de topo de vendas.
Fabiana Santos, 9ºA

Se eu fosse um livro, gostaria de ser um livro de poemas românticos pois poderia expressar-me em forma de rimas, de que eu gosto bastante, e poderia falar de várias coisas acerca do amor.
Seria um livro não muito grande mas também não muito pequeno. Teria exatamente a estrutura ideal e a minha capa seria a capa mais cativante. Seria um “best seller” durante meses.
A idade ideal dos meus leitores seria entre os catorze e os vinte anos e eles teriam de ler um poema por dia para saborearem cada palavra como a última bolacha do pacote. Iria deixá-los a pensar sobre a vida, iria dar conselhos sobre o amor e, ao mesmo tempo, iria torná-los felizes lembrando-os que há sempre alguém que os ama.
Ana Rita Lima, 9ºA

Se eu fosse um livro, seria um livro de aventura e romance, seria um livro de grandes dimensões pois, assim, só quem gostasse de ler se atreveria a fazê-lo. Dentro de mim teria apenas uma história na qual dois mundos paralelos se cruzariam e poriam à prova até aonde o ser humano é capaz de ir por amor. Cada personagem do meu romance teria de travar longas lutas nas quais a força do amor seria sempre a mais forte.
Duas personagens principais: ele seria um rapaz da realeza e ela uma rapariga plebeia do outro lado do mundo. Eles ter-se-iam conhecido através das redes sociais e ter-se-iam apaixonado. As regras do seu reino não permitiam que ele se encontrasse com ela. Então, ele teria fugido e abandonado a sua monótona vida para ir à procura da aventura.

Isabel Silva, 9ºA

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

REGRESSO ÀS AULAS

Para dar as boas vindas aos alunos, deixo um poema de Mário-Henrique Leiria para reflexão: o que acontece a quem fica deitado à espera que aconteça?

Uma nêspera 
estava na cama 
deitada 
muito calada 
a ver 
o que acontecia 

chegou a Velha 
e disse 
olha uma nêspera 
e zás 
comeu-a 

é o que acontece 
às nêsperas
que ficam deitadas 
caladas 
a esperar 
o que acontece

Mário Henrique Leiria, in Novos Contos do Gin





quarta-feira, 2 de setembro de 2015

UMA NOITE MÁGICA

Texto coletivo do 7ºC, enviado para o concurso "Uma aventura literária", Caminho

Aquela noite, naquele final de outono, surgiu insuportável e medonha. Os ventos varriam os telhados, os raios interrompiam a escuridão, os trovões impediam o sono das pessoas e as chuvas lavavam tudo à sua volta.
No céu negro, até a lua se tinha recolhido para se abrigar da tempestade. Nada se vislumbrava. Só trevas. E medo, muito medo.
Quando, de repente, uma luz apareceu a piscar.
Eu estava sentada na minha cama, receando a escuridão. Olhei pela janela e vi a estrela a brilhar, lá bem no alto.
Aquela estrela parecia que queria entregar-me uma mensagem ou guiar-me. Foi então que eu vesti a primeira peça de roupa que me veio à mão, saí do quarto em bicos de pés, para não acordar os meus pais que estavam no quarto ao lado.
Cheguei ao jardim e os meus dentes bateram como castanholas.
Sem hesitar, fui atrás da luz. Apesar do frio que se fazia sentir, e do vento que me arrastou para ali, cheguei a um local que bem conhecia. Aquela luz, surgida do nada, conduzira-me à Biblioteca Municipal.
Nem sabia por onde entrar! Pela porta principal? Pela porta de emergência? Ou por uma janela? Não sabia. Só sabia que algo me impelia a entrar. E não era a tempestade!
Optei pela entrada mais fácil: a porta principal. Mas, não estava à espera que fosse assim tão fácil! Empurrei-a e fiquei impressionada pois a porta estava apenas encostada. Então, pensei:
- Será que deixaram a porta aberta? Não me parece! Mas vou entrar na mesma, quem não arrisca não petisca.
Entrei na biblioteca, ouvia-se um silêncio assustador. Entretanto, um estrondo ecoou e parecia-me vir da sala principal onde vivem todos os livros que me têm preenchido a imaginação.
O meu coração disparou mas sabia que naquele local enfeitiçado nada tinha a temer. Estavam ali todos os heróis das histórias. Então, caminhei corajosamente. Mas, onde estaria aquela estrela que tanto me encorajou?
Tinha medo de espreitar, não sabia o que me esperava.
Oh, meu deus!!! Não acreditava no que estava a ver! Na sala principal, onde normalmente reinava o silêncio, um barulho enorme atroava os ares, como se todas as crianças da escola estivessem no recreio.
Havia livros caídos no chão por todo o lado. De repente, mais livros começaram a cair e deles saíam muitas personagens. E a sala, sem luz elétrica, iluminou-se com um brilho tão forte como se o sol lá tivesse ido dormir. Imensos pirilampos acabavam de escapar da sua história e brilhavam intensamente, agradecendo a liberdade inesperada.
Eu queria entrar mas… Se aqueles seres se escondessem quando me vissem? Eles pareciam tão animados, parecia que tinham estado o dia inteiro à espera que este momento chegasse para contarem as suas aventuras uns aos outros. Parecia, até, que os armários, leves, aproveitavam para dançar o resto da noite sem se preocuparem com os livros que caíam.
Decidi aproximar-me. O Pinóquio gritou:
- Escondam-se!
- Calma, calma. Aquela estrela – disse-lhes eu, apontando para o céu - guiou-me até aqui. Não vos quero fazer mal!
Pouco a pouco, começaram a juntar-se a mim a Alice do País das Maravilhas, o Peter Pan, o Harry Potter, a Ariel, o Ulisses, o Principezinho, o gato Zorbas, a Anne Frank, o Cavaleiro da Dinamarca…
Alice foi a primeira a reagir, aproximou-se de mim e convidou-me:
 - Vem comigo tomar um chá e conhecer o chapeleiro maluco.
- Não! Vem antes comigo sobrevoar a Terra do Nunca e verás como é bom ficar sempre criança - disse o Peter Pan.
- Porque não vens comigo explorar o mar? Vem ouvir a música das ondas, vem apreciar o arco-íris dos corais e dos peixes, vem mergulhar na serenidade das águas frescas e transparentes do meu reino - contrapôs Ariel.
- Sim, vem comigo e ao conduzo-te ao reino da Ariel. Vais conhecer as sereias mas, atenção, não te deixes enfeitiçar!...- aconselhou o Ulisses.
- Para enfeitiçar estou cá eu! – ripostou Harry Potter. - Com o meu manto da invisibilidade, poderás ir aonde quiseres!
Os convites sucederam-se e eu olhava para todos sem saber o que pensar.
- Nem acredito que estais aqui comigo. Tenho vivido a minha vida a sonhar com todos! Embarquei e fui marinheira, aventureira, pirata, mágica, fada, feiticeira... Convosco voei e perdi-me num mundo encantado. Conheci a amizade e a coragem. Nem dormia! Ficava na minha cama, de olhos abertos, à espera da próxima aventura. E imaginava que era eu a viver cada uma delas. Por isso, já não preciso de vos acompanhar. Já fui. Sou uma devoradora de livros.

Entretanto, a manhã acordou mais calma e um atrevido raio de sol tentava furar as grossas nuvens que ainda cobriam o céu. Acordei estremunhada e não entendi por que motivo a janela do meu quarto estava aberta e todos os livros da minha estante tinham caído e se encontravam no chão.