domingo, 2 de julho de 2017

MAIS VALIOSO QUE UM DIAMANTE

Texto de Catarina Moreira, 9ºB, menção honrosa no concurso "Uma aventura literária 2017"
Arrumo a mala para uma nova viagem. Vou atravessar os céus até ao outro lado do mundo pois irei ajudar no resgate de várias casas e pessoas devido ao sismo de ontem. O que mais custa é vermos algo que estimamos e que retrata a nossa história ir por “terra abaixo”, literalmente.
            Como aventureira que sou, nada me fará voltar com esta ideia atrás. Tento ajudar quem precisa, mesmo que isso me custe a vida, independentemente do que possa acontecer e do que possa aparecer. Vou até ao centro de ajuda e coloco lá tudo o que precisarei para esta viagem e o percurso até ao aeroporto é feito com animação.
O país encontra-se devastado, tudo desabou e só se veem grandes destroços e perdas materiais e humanas. Olhamos em volta e apenas vemos a tristeza explícita nos rostos de quem se encontra vivo. Se algum dia isto me acontecesse… Nem imagino!!!
- Está na hora de começar – avisam-me.
Vou até ao carro de ajuda buscar o material necessário e começo a curar as feridas de pessoas que tinham sido resgatadas a tempo. Felizmente, nada lhes aconteceu! É por isso que cá estou, mas algo mais chama por mim. Em vez de ir até ao meu local de trabalho, vou até um lugar que ainda não tinha sido revistado por nenhum especialista e ouço o meu nome. Quando olho para trás, percebo que era só a minha imaginação e curiosidade a falar mais alto. Entro numa casa destruída, havia sobrado pequenas mobílias, o que me faz perceber que era uma casa moderna, e encontro vários brinquedos espalhados. Ouço um latido seguido por um choro de bebé e, por impulso, corro até ao local. Quem diria que eu iria salvar a vida de algo tão frágil e leve como uma pena? Encontro uma menina, deduzo, pelas roupas que traz vestidas, embora esfarrapadas, e, ao lado, tentando aquecê-la e acarinhá-la, um cachorrinho.
Coloco cada um nos meus braços e saio de lá para o caso de uma derrocada voltar a acontecer e, preventivamente, eu ter estes pequenos seres indefesos em plena segurança. Tento encontrar informações sobre a bebé, mas todos negam dá-las, todos me ignoram, numa indiferença que dói, seguem o seu caminho para se ajudarem ou cuidarem de si próprios. Como é egoísta a humanidade em situações críticas! A preocupação apodera-se de mim: quem serão os pais desta criança?
Entrego a bebé e o cão aos médicos acompanhantes e, como por magia, algo cai do vestido dela. Será uma pista? Leio: “Quando a encontrares, talvez eu não esteja viva. Esta bebé merece uma família. O que seria de mim se não tivesse tido uma? Espero que cuidem dela, que ela consiga rasgar o egoísmo humano e ser feliz.”

Talvez isto seja um sinal. O mundo dá voltas e talvez eu tenha ganho uma segunda oportunidade. Cuidarei dela como se fosse uma joia, sabendo que a vida vale muito mais que qualquer diamante.

A PIRATA QUER LUTA

Texto de Bruna Gomes, 9ºB, menção honrosa no concurso "Uma aventura literária 2017"
Ao sentir o vento suave nos meus longos cabelos ondulados, soube que estava no caminho certo. Quem sou eu? Sou a capitã de um navio pirata, uma grande aventureira. Mas, nem todos os piratas têm perna de pau, olho de vidro e cara de mau. Eu e a minha tripulação viajamos por todo o lado, com sede de desafios e em busca de soluções práticas para problemas por vezes não tão simples.
Velejava há já vários dias, sabia que o meu instinto não me ia falhar. Estávamos à procura da Terra do Possível e Imaginário. Sim! Era esse o seu nome. Todos falavam nessa terra magnífica, o quanto tinha de belo e de mágico. E eu sempre fui uma pessoa de “ver para crer”.
- Terra à vista! - gritou um marujo.
Os meus olhos cor de avelã nem queriam acreditar no que estavam a ver! O céu, pintado de azul-turquesa, e o mar de um verde-água indefinível, tornavam místico o ambiente. As árvores enormes, faziam lembrar algodão doce. Os seus frutos, qual arco-íris, tinham cheiro de pipocas acabadinhas de fazer e a areia parecia cristais de açúcar amarelo.
Mal pisei a areia quente da praia, nem tive tempo para respirar, uma aldeã aflita veio ter comigo. Não percebi nada, da sua boca só saíam gemidos e grunhidos, nem sequer uma palavra dizia no meu idioma. A aldeã foi buscar a página de um livro que mostrava vários tipos de pedras e, entre elas, lá se encontrava a Pedra da Sabedoria. A aldeã apontou para ela e continuou com os seus grunhidos, muito agitada. Percebi que algo não estava bem naquele lugar idílico, mas, pelos vistos, só aparentemente. Sem a pedra, as pessoas da ilha eram incapazes de comunicar. Compreendi, então, o que me pedia.
Parti à descoberta. O centro da ilha era um sítio completamente diferente, até parecia que o paraíso tinha chegado ao fim. Deste lado, chovia a cada cinco minutos, o chão estava repleto de armadilhas, obviamente mal escondidas, e avistava-se uma montanha imensamente íngreme, surgida no meio do nada.
Olhei em volta. Um pássaro gigante muito esquisito, um misto de coruja, corvo e flamingo (o que até tinha uma certa graça, diga-se!), surfou mesmo ao meu lado. Saltei o mais alto que pude e voei em direção ao cume da montanha, agarrada às suas patas. Era, agora, uma pirata do ar!
Quando cheguei ao cume, depois de uma aterragem mais ou menos atribulada, deparei-me com a Pedra Aquamarine. Inicialmente, fiquei um pouco confusa e questionei-me: porque é que a pedra tinha esse nome se estava no cimo de uma montanha, ali no meio do nada? Mas não era a que eu queria! Continuei viagem. Encontrei várias pedras, mas nenhuma correspondia à imagem do livro que a aldeã aflita tinha assinalado. Até que, sentindo-me cansada, após horas de caminhada, meio escondida pelas raízes salientes de uma árvore gigantesca, ei-la. Impossível! Seria assim tão fácil recuperar uma das mais poderosas pedras? Fiquei à cuca de armadilhas, mas… nada! Peguei na pedra e levei-a no colo enquanto deslizava montanha abaixo.
Por fim, entreguei a pedra aos aldeões. E eles voltaram a falar. Falavam tanto, mas tanto, que me fez desejar não ter ido buscá-la. Ficaram tão gratos que fizeram uma festa em nossa honra. E eu fiquei mesmo feliz, com um “sorriso de orelha a orelha”.
 Pediram-nos para ficar. Recusei. São pessoas ótimas e dão umas festas de arromba, mas não sou pessoa de ficar presa num só lugar e este tipo de aventuras fáceis não são para mim. Não foi para estar presa num único local que me tornei pirata.
            Voltei ao barco. A minha casa é o mar.