Texto de Catarina Moreira, 9ºB, menção honrosa no concurso "Uma aventura literária 2017"
Arrumo a mala para uma nova
viagem. Vou atravessar os céus até ao outro lado do mundo pois irei ajudar no
resgate de várias casas e pessoas devido ao sismo de ontem. O que mais custa é
vermos algo que estimamos e que retrata a nossa história ir por “terra abaixo”,
literalmente.
Como
aventureira que sou, nada me fará voltar com esta ideia atrás. Tento ajudar
quem precisa, mesmo que isso me custe a vida, independentemente do que possa
acontecer e do que possa aparecer. Vou até ao centro de ajuda e coloco lá tudo
o que precisarei para esta viagem e o percurso até ao aeroporto é feito com
animação.
O país encontra-se devastado,
tudo desabou e só se veem grandes destroços e perdas materiais e humanas. Olhamos
em volta e apenas vemos a tristeza explícita nos rostos de quem se encontra
vivo. Se algum dia isto me acontecesse… Nem imagino!!!
- Está na hora de começar – avisam-me.
Vou até ao carro de ajuda
buscar o material necessário e começo a curar as feridas de pessoas que tinham
sido resgatadas a tempo. Felizmente, nada lhes aconteceu! É por isso que cá
estou, mas algo mais chama por mim. Em vez de ir até ao meu local de trabalho,
vou até um lugar que ainda não tinha sido revistado por nenhum especialista e
ouço o meu nome. Quando olho para trás, percebo que era só a minha imaginação e
curiosidade a falar mais alto. Entro numa casa destruída, havia sobrado
pequenas mobílias, o que me faz perceber que era uma casa moderna, e encontro
vários brinquedos espalhados. Ouço um latido seguido por um choro de bebé e,
por impulso, corro até ao local. Quem diria que eu iria salvar a vida de algo tão
frágil e leve como uma pena? Encontro uma menina, deduzo, pelas roupas que traz
vestidas, embora esfarrapadas, e, ao lado, tentando aquecê-la e acarinhá-la, um
cachorrinho.
Coloco cada um nos meus braços
e saio de lá para o caso de uma derrocada voltar a acontecer e, preventivamente,
eu ter estes pequenos seres indefesos em plena segurança. Tento encontrar
informações sobre a bebé, mas todos negam dá-las, todos me ignoram, numa
indiferença que dói, seguem o seu caminho para se ajudarem ou cuidarem de si
próprios. Como é egoísta a humanidade em situações críticas! A preocupação
apodera-se de mim: quem serão os pais desta criança?
Entrego a bebé e o cão aos
médicos acompanhantes e, como por magia, algo cai do vestido dela. Será uma
pista? Leio: “Quando a encontrares,
talvez eu não esteja viva. Esta bebé merece uma família. O que seria de mim se
não tivesse tido uma? Espero que cuidem dela, que ela consiga rasgar o egoísmo humano
e ser feliz.”
Talvez isto seja um sinal. O
mundo dá voltas e talvez eu tenha ganho uma segunda oportunidade. Cuidarei dela
como se fosse uma joia, sabendo que a vida vale muito mais que qualquer
diamante.
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