Texto de Bruna Gomes, 9ºB, menção honrosa no concurso "Uma aventura literária 2017"
Ao sentir o vento suave nos meus longos cabelos
ondulados, soube que estava no caminho certo. Quem sou eu? Sou a capitã de um
navio pirata, uma grande aventureira. Mas, nem todos os piratas têm perna de
pau, olho de vidro e cara de mau. Eu e a minha tripulação viajamos por todo o
lado, com sede de desafios e em busca de soluções práticas para problemas por
vezes não tão simples.
Velejava há já vários dias, sabia que o meu
instinto não me ia falhar. Estávamos à procura da Terra do Possível e
Imaginário. Sim! Era esse o seu nome. Todos falavam nessa terra magnífica, o
quanto tinha de belo e de mágico. E eu sempre fui uma pessoa de “ver para
crer”.
- Terra à vista! - gritou um marujo.
Os meus olhos cor de avelã nem queriam acreditar
no que estavam a ver! O céu, pintado de azul-turquesa, e o mar de um verde-água
indefinível, tornavam místico o ambiente. As árvores enormes, faziam lembrar
algodão doce. Os seus frutos, qual arco-íris, tinham cheiro de pipocas
acabadinhas de fazer e a areia parecia cristais de açúcar amarelo.
Mal pisei a areia quente da praia, nem tive tempo
para respirar, uma aldeã aflita veio ter comigo. Não percebi nada, da sua boca
só saíam gemidos e grunhidos, nem sequer uma palavra dizia no meu idioma. A
aldeã foi buscar a página de um livro que mostrava vários tipos de pedras e,
entre elas, lá se encontrava a Pedra da Sabedoria. A aldeã apontou para ela e
continuou com os seus grunhidos, muito agitada. Percebi que algo não estava bem
naquele lugar idílico, mas, pelos vistos, só aparentemente. Sem a pedra, as
pessoas da ilha eram incapazes de comunicar. Compreendi, então, o que me pedia.
Parti à descoberta. O centro da ilha era um sítio
completamente diferente, até parecia que o paraíso tinha chegado ao fim. Deste
lado, chovia a cada cinco minutos, o chão estava repleto de armadilhas,
obviamente mal escondidas, e avistava-se uma montanha imensamente íngreme,
surgida no meio do nada.
Olhei em volta. Um pássaro gigante muito
esquisito, um misto de coruja, corvo e flamingo (o que até tinha uma certa
graça, diga-se!), surfou mesmo ao meu lado. Saltei o mais alto que pude e voei
em direção ao cume da montanha, agarrada às suas patas. Era, agora, uma pirata
do ar!
Quando cheguei ao cume, depois de uma aterragem
mais ou menos atribulada, deparei-me com a Pedra Aquamarine. Inicialmente, fiquei
um pouco confusa e questionei-me: porque é que a pedra tinha esse nome se
estava no cimo de uma montanha, ali no meio do nada? Mas não era a que eu
queria! Continuei viagem. Encontrei várias pedras, mas nenhuma correspondia à
imagem do livro que a aldeã aflita tinha assinalado. Até que, sentindo-me
cansada, após horas de caminhada, meio escondida pelas raízes salientes de uma
árvore gigantesca, ei-la. Impossível! Seria assim tão fácil recuperar uma das
mais poderosas pedras? Fiquei à cuca de armadilhas, mas… nada! Peguei na pedra
e levei-a no colo enquanto deslizava montanha abaixo.
Por fim, entreguei a pedra aos aldeões. E eles
voltaram a falar. Falavam tanto, mas tanto, que me fez desejar não ter ido
buscá-la. Ficaram tão gratos que fizeram uma festa em nossa honra. E eu fiquei
mesmo feliz, com um “sorriso de orelha a orelha”.
Pediram-nos para ficar. Recusei. São pessoas ótimas
e dão umas festas de arromba, mas não sou pessoa de ficar presa num só lugar e
este tipo de aventuras fáceis não são para mim. Não foi para estar presa num
único local que me tornei pirata.
Voltei ao barco.
A minha casa é o mar.
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